Arthur Marinho

Se telefone mudo não pode falar, quem está com a boca cheia, também não!

Repórter JGB entrevistando o goleiro Plínio tão logo o mesmo estreou na equipe do Corumbaense, em jogo do Estadual (Foto: Arquivo Pessoal)

No chamado tempo moderno, agora no século XXI, o personagem desse “Causos do Futebol” também seria demitido ou se os que foram demitido trabalhassem naquela época de ouro da comunicação nacional, talvez eles não seriam penalizados dessa forma.

Quem não se lembra do apresentador do “Esporte Espetacular”, Fernando Vanucci, demitido em 1.998, na TV Globo, por ter sido flagrado comendo uma bolacha de água e sal, logo após o intervalo comercial?

Agora, recentemente foi a apresentadora Mariana Fanti, durante a apresentação do Jornal da Manhã Segunda Edição na TV Jovem Pan, também foi flagrada comendo chocolate durante a entrevista de um convidado e no mesmo dia, recebeu o aviso da sua demissão.

Estádio Arthur Marinho

Década de 1.970, não recordo o ano propriamente dito, mas foi nessa década uma vez mais o “Causo do Futebol” foi registrado com os integrantes da Jovem Clube que tinha uma ótima equipe de comunicadores.

O Narrador, Jonas de Lima e o repórter Joãozinho Gente Boa, mais conhecido pelo apelido JGB. O comentarista confesso que não recordo, mas tudo bem.

Certo domingo, como sempre, com elevada temperatura, mais ou menos na casa dos 40 e poucos graus, os ouvintes já viviam a expectativa da transmissão daquela grande partida, me perdoem, pois devido ao caso registrado, os nomes dos times acabaram ficando no segundo plano, até cair no esquecimento.

Ambulantes

Quem conhece o estádio Arthur Marinho sabe que existe um enorme espaço entre as arquibancadas cobertas e o alambrado e aquele espaço vago era ocupado pelos vendedores ambulantes e nele, o torcedor encontrava: pipoca doce e salgada, picolés fabricado pelo pai do goleiro “Bolão” do Corumbaense, saltenha, chupe-chupe, uma espécie de picolé vendido em um saquinho, laranjas, que eram descascadas pelo vendedor, por uma maquina manual e a casca saia inteira medindo quase dez metros, mais ou menos, sopa paraguaia e chipas de polvilho, produzidas por Vandinho, vizinho da fábrica de picolés do João Bigode, o pai do goleiro “Bolão”.

E não era apenas uma chipa era de fato a CHIPA, pois as mesmas muitas vezes chegavam ao estádio ainda quentinha e com isso, com o queijo derretido. Uma delícia!

Voltemos para o jogo e a transmissão. Normalmente quando os jogos são disputados à tarde, os profissionais do rádio almoçam sempre cedo, por volta das 10h. Em muitos casos, alguns nem almoçam e no local do jogo, “enganam o estomago”.

Eu até acho que esse foi o caso do repórter JGB.

Começou o jogo e claro Jonas de Lima dando a maior ênfase na partida prendendo a atenção dos ouvintes que a cada lance, aumentava ainda mais de, no próximo jogo ir ao estádio para ver de perto as jogadas narradas com muito entusiasmo.

Em determinado lance, Jonas de Lima colocando o coração, toda a sua emoção e pronto para gritar o gol que acabou não saindo, ele prontamente chamou o repórter JGB para falar o porquê que o atacante perdeu o gol.

Jonas de Lima: “Passou por um, driblou o outro, entrou na área esta frente a frente com o goleiro vai marcar… pra fora! Essa não! Mil vezes não! Ele errou o gol! O detalhe do lance JGB”

Lá em baixo e dentro do campo JGB, encostado no alambrado, como se nada estivesse acontecendo respondeu em cima da chamada:

JGB: “O Jonas, fazendo o favor, chame daqui a pouco, pois agora estou com a boca cheia de chipa e não posso falar”, dito isso ele fechou o seu microfone voltando o som para o narrador, que mais uma vez acabou sendo pego de surpresa.

Será que nos dias de hoje, JGB teria continuado na equipe de esporte da Rádio Clube, chamada de “Queridinha da Cidade Branca”, ou será que os de hoje, receberiam uma segunda chance, tal como foi concedida ao repórter JGB? Fica essa dúvida.

Agora que uma chipa de polvilho, daquelas que “derrete na boca” às 15h50 cai muito bem e qualquer estomago agradece.